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quarta-feira, 18 de junho de 2014

“DEUSES AFRICANOS DE ANGOLA, NO BRASIL”.

“DEUSES AFRICANOS DE ANGOLA, NO BRASIL”.

LUNA KUBANGA MUETU NKOSI E! (Salve aquele que nos defende, Nkosi e!).NENGUA SIAVANJU, KIWÁ KAANGO! (Grande senhora dos ventos da morte, salve Kaango!).KIWÁ, KAIÁ, MAM’ETU IA AMAZE. KIWÁ. (Salve Kaiá. Nossa mãezinha das águas salgadas. Salve!).


          No dia 25/06/2014 em continuidade a luta pelo resgate do Candomblé de Angola e dos Costumes e Tradições Bantu no Brasil, a resistência contra a “intolerância religiosa”, a Casa Raiz do Benge Ngola Djanga ria Matamba (CRBNDM), com o apoio da Confederação Nacional dos Candomblés de Angola e dos Costumes e Tradições Bantu no Brasil (CNCACTBB) terreiros afiliados e demais segmentos de matriz africana,  realizou mais um momento cultural de cunho religioso da tradição Bantu Angola, com o nascimento do barco de três  muzenzas oriundas do Recife-PE,  composto pelos novos iniciados Valmir Gomes Silva (Mukuanguzo) de Tat’etu Nkoci, Edileuza Rodrigues Bezerra (Muhasande) de Mam’etu Kaango  , Rejane Gomes Bezerra (Nganakilenda) de Mam’etu Kaitumba, e o reforço da Makota Kassinganga (Maria José Bezerra) de Mam’etu Kianda.








 





          Vivemos por quase 500 anos seguindo parâmetros de outras religiões de matriz africana aqui chegadas posteriormente e que inteligentemente adotaram vestes europeias em suas divindades, talvez como uma forma de driblar o julgo católico do colonizador cujas principais finalidades eram as de expandir o catolicismo em crise,  desde a Reforma Protestante da Igreja Católica, única instituição existente na época. Reforma essa  pensada por Erasmo de Roterdã (1466 a 1536), e executada pelo bispo da Igreja Católica, Martinho Lutero (1483 a 1543), na baixa Idade Média considerada,   erroneamente,  pelos mentores do Modernismo  que  a sucedeu,  como Idade das Trevas,  e, também, colonizar e escravizar os povos que o euro centrismo considerava como primitivos. Hoje vivendo num Estado laico e, mediante as conquistas do Candomblé de Angola, iniciadas com a realização do Primeiro Seminário Nacional dos Angoleiros do Brasil (I SNAB), em 2010, através do Convênio nº 719027/2009-SEPPIR/PR com a CRBNDM e seus frutos como o Kit (Livro e CD “Angola Nação Mãe”) apresentado em 2011 a Excelentíssima Presidenta do Brasil  Senhora Dilma Rousseff, solicitando apoio através do ofício nº. 002/2011/CNCACTBB/CRBNDM, na luta pela inclusão da História do povo Bantu, na História do Negro na África e no Brasil, no ensino fundamental, médio e superior que gerou encaminhamento imediato de Sua Excelência para o Ministério da Educação, o qual considerou a proposta relevante encaminhando-a para os Fóruns de Diversidades Étnicas o que culminou com o pioneirismo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) ao ministrar o Curso no nível de extensão universitária “ O POVO BANTU, MITOS E DEUSES AFRICANOS DE ANGOLA, As influências culturais e religiosas Brasil/Angola”, já na 3ª turma, sob a orientação do Professor Ângelo Alfredo (katende@oi.com.br), pudemos graças a  estes avanços, dar continuidade a tudo aquilo que os nossos ancestrais trouxeram e que foram impedidos de aqui praticar, já que fugiam aos padrões do catolicismo.  Ou, até mesmo, irmos buscar o que lá ficou em termos de cultura e religiosidade. Tudo isso levando em conta todo e qualquer movimento anterior, posterior e futuro, ao I SNAB, independente  de nação Bantu: Angola/Kongo,Kabinda, bem como o Nagô/Yoruba: Ketu e suas ramificações, ou Ewê/Fon: Djeje, como nossa resistência contra o preconceito e a discriminação com as religiões de matriz africana e a nossa querida  Umbanda.
          Segundo Ana Cristina da Cunha Lins, as máscaras nesse diálogo imemorial entre o homem e seus deuses ancestrais encontram  diferentes formas de crer, de revelar ou, de representar o mundo próximo e a memória remota. Enquanto a máscara estiver em uso, enquanto o personagem prevalecer, impõe-se as intenções que são próprias da ação do Deus, do antepasado, que a máscara significa. No plano psicológico, a origem do objeto deve ser buscada na aspiração do ser humano de evadir-se de si mesmo, para poder se enriquecer com a experiencia de existencias diferentes (já que no plano natural este desejo seria irrealizável) para poder aumentar seu próprio poder, identificando-se com as forças universais. E não podemos deixar de mencionar seu papel principal que é o de esconder o rosto dos AKISI (           plural de Mukisi), nossas  divindades, já que suas aparências são de espírito e não humanas.
 
          Além dos Lunda e Cokwe , encontramos também essa tradição da circuncisão e do uso das máscaras entre os Iacas, Luenas, Chinjes, Minungos, Gangelas, Kakongo, Baluba, Baiaka, Kicongo, Muxikongo, Bakongo, Mbali, Makonde e Bawoyo e etc,   que também são grupos étnicos angolanos. Mais um motivo para nunca nos considerarmos os donos da verdade, o que seria muita pretensão em meio a tantas tribos existentes em Angola.
           A guisa de informação, podemos dizer ainda, que em Angola temos três principais gêneros de máscaras:
Máscara de Madeira  ( grupo de material rígido);
Máscara de Entre casca de Árvore e Resina  ( grupo de material semi-rígido) e;
Máscara de Fibras e Encordoados  ( grupo de material não rígido).
sendo confeccionadas hoje quase que industrialmente para atender demandas externas. Geralmente, as máscaras femininas possuem formato arredondado enquanto as masculinas possuem formato ovalado, (Carise, 1998).
           



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BACELAR, JEFERSON & CAROSO, CARLOS.  Faces da Tradição Afro-Brasileira. Rio de Janeiro: Pallas, 1999.
CARISE, I. Máscaras Africanas. São Paulo: Madras, 1998.
CASCUDO,C. Dicionário do Folclore Brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro,1987.
LOPES,N.  Bantos, Malês e Identidade Negra. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1988.
OLIVEIRA, MARIA ANA DE. Angola e a Expressão de Sua Cultura Material. Rio de Janeiro: Odebrecht, 1991.
ORNATO, J. SILVA. Iniciação de Muzenza nos Cultos Bantos. Rio de Janeiro: Pallas, 1998.
REDINHA,J. Álbum Etnográfico. Angola: C.I.T.A, 1987.
 ___________. Máscaras Africanas. Angola: C.I.T.A,1973.
 ___________. Sociologia do Nordeste de Angola. Lisboa: Estampa, 1945.
SANTOS, Decóstenes ( mestre Didi). Disponível em http://www.geocites.com.
SANTOS, EDUARDO DOS. Sobre a Religião dos Quiocos. Lisboa: Junta de Investigação de Ultramar,1962.

LUTERO, Martinho. Da Liberdade do Cristão (1520). Trad. Erlon José Paschoal. São Paulo: Fundação
Editora da UNESP, 1998.
LUTERO, Martinho. Do cativeiro babilônico da Igreja. São Paulo: SP. Editora: Martin Claret, 2006.
Referências Bibliográficas
CHAUNU. Pierre. O tempo das Reformas (1250-1550). Trad. Cristina Diamantino. Lisboa. Edições 70.
2002.
DELUMEAU, Jean. Nascimento e afirmação da Reforma. Trad. João Pedro Mendes. S. Paulo.
Pioneira. 19