CASA RAIZ

CONTATO

TATA RIA INKICE ANANGUÊ....EMAIL:anangue@gmail.com...........

domingo, 23 de fevereiro de 2014

"KALAEPI SAKULA UEMBU NLEMBA DILE, PEMBELE!" (QUIETOS AI VEM O SENHOR DA PAZ. NÓS TE SAUDAMOS!).



"KALAEPI SAKULA UEMBU NLEMBA DILE, PEMBELE!"

(QUIETOS AI VEM O SENHOR DA PAZ. NÓS TE SAUDAMOS!). 
           O Estado do Rio Grande do Norte viveu no dia 18 de janeiro de 2014 um grande momento cultural, durante os festejos dos vinte e um anos, embora já tenha trinta e quatro, do nosso muito querido Tata Kassulupongo. A casa se manteve repleta do início ao fim, de autoridades religiosas de várias nações de candomblé e da Umbanda, bem como autoridades civis da Educação  de Municípios e do Estado, pesquisadores, estudiosos, sociólogos e antropólogos, docentes e discentes. A organização da festa ocorreu por conta de Madrinha Yolanda ( esposa do Tata Kassulupongo) que mais uma vez deu um banho de categoria e carinho, juntamente com suas filhas: Catarina, Catiana (Makota), Claudiana o neto Alessandro, bem como os Kambonos, Makotas, Kotas, muzenzas e ndumbe da  Inzo, oferecendo a todos um atendimento Vips,   Durante os intervalos até o momento final coroado com um magnífico jantar oferecido pelo buffet contratado. O Tata Kassulupongo (Moisés Fernandes Queiroz) dando mais uma de suas demonstrações de fidelidade ao seu Tata hia Mukisi Anange, teve por livre escolha a sua inzo preparada nos moldes do solo angolano, para que seu mukisi  adentrasse no jamberessu usando traje especificamente afro-angolano, usando inclusive Mukangê (Máscara), adorno peculiar nos Akisi/Minkisi,  de Angola e Kongo respectivamente. Vejam as fotos:

Lado direito de quem entra a casa de NNUMBI (egungun nas outras nações). (Ver referências abaixo).
Ao fundo, sobre o dinumeu (pepelê em outras nações ou altar,  o BENGÊ ia ABANANGANGA/NTEMBU com o fogareiro para assar as carnes dos animais abatidos temperados com magi ndende ou maji amba ( azeite de dendê) e kupiri (pimenta da costa) em pó,) que  ofertados a divindade, são penduradas na sua casa, na vara onde se encontra a bandeira hasteada e nas árvores que circulam a Kubata (cabana).Em primeiro plano, o Tata mane ZAKAÊ NPANZO, intrínsicamente ligado ao culto de Abananganga recebendo por isso, todos os bichos  ofertados a Deidade Abananganga. Saudação:" KILAMBA NTEMBU TATA MULENGE NTEMBU IÔ!"( REFERÊNCIAS A nTEMBU PAI DOS VENTOS, NTEMBU SENHOR DOS VENTOS!). (Ver referências abaixo).
As máscaras ritualísticas e litúrgicas dos KAKONGO, são conhecidas pelos povos da mesma etnia que se situam mais a leste, especialmente na região do território Kanzar ao extremo norte da região dos povos Lunda.(Ver referências) .


            
Da esquerda para a direita: Babá Melquisadec, Yalorixá Isa, Tata ananguê e Lhasa .Adicionar legenda
primeira saída de Tata Kassulupongo.

ARUÊ  LEMBA KASSUTÉ, PEMBELÊ!



Segundo o Proeper/CCS da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), responsável pelo curso de extensão universitária "O POVO BANTU, MITOS E DEUSES AFRICANOS DE ANGOLA: AS INFLUÊNCIAS CULTURAIS E RELIGIOSAS BRASIL/ANGOLA",  para o Brasil vieram povos distintos de várias regiões angolanas e congolesas: povos de Lunda, Kioko também chamados de Tshokwe, Luba, Bakwe, Bawoyo, Baluba, Balongo, Bakongo, Muxi-Kongo, Benguela, Makua, Easanje, Kasanje, Anjiko, Rebolo, Kambinda, Munjolo, Zimbawe, Zãmbia, Trumano, Serra Leoa, Malagueta, Luena, Madagascar, ex república de Malgaxe, Makonde, Ruanda, Namíbia, Mpemba, Matamba, Ndembu, entre outros.  Devido à essa diversidade de povos de diferentes regiões Bantu a variante de línguas e dialetos foi intensa, de modo que, tanto a doutrina ritual como litúrgica daquelas nações se tornaram ecléticas no território brasileiro, o que segundo ele, ( o PROEPER),  ninguém pode se intitular ou achar-se como total conhecedor da cultura e tradições dos Bantu, devido o tamanho de sua abrangência, inclusive no Brasil.
Referências:
CCS - Centro de Ciências Sociais/UERJ.
PROEPER - Programa de Estudos e Pesquisas das Religiões/UERJ.

 RAMOS, Arthur. “O Negro Brasileiro”, 1ª.  Ed. RJ, Biblioteca de Divulgação, setembro de 1934.
RODRIGUES, Nina. “Os Africanos no Brasil”, 4ª. Ed. São Paulo: Cia Editora Nacional - 1976.
SCISÍNEO, Alaôr, Eduardo. “Dicionário da Escravidão”,  1ª.ªEd. RJ, Léo Christiano Editorial LTDA - 1997.
RIBAS,Oscar, Ilundo - 1958.
QUINTÃO, Luís, José, Gramática do Kimbundu, Escola Superior Colonial - 1934.
TAVARES, Lourenço, José, Gramática da Língua do Congo (Kikongo), missionário - 1934.
MAIA, Da Silva, Antonio, Padre, Dicionário Complementar Português – Kimbundu – Kikongo, Luanda – Angola - 1961.
NASCIMENTO, Pereira do, J, Dicionário Português – Kimbundu, Médico da Armada Real, explorador e naturalista - 1903.
SILVA,Alberto da Costa e. A manilha e o libambo. A Áfricae a escravidão de 1500 a 1700. Rio de Janeiro, Nova Fronteira/ 2002. P. 235.
COTRIM,Gilberto, Saber e fazer História.ed.Saraiva. são Paulo:2008.
ANGELO,  Alfredo.Professor, pesquisador UERJ. 1997.  E.mail: katende@oi.com.br
CARNEIRO, Edson “Candomblés da Bahia”, Ed. De Ouro – 1948.
JOHN M. Janzen, Ngoma: Discourses of Healing in Central and Southern Africa, University of California Press, Berkeley and Los Angeles, 1992
JAMES L. Newman, The Peopling of Africa: A Geographic Interpretation, Yale University Press, New Haven, 1995
SILVA, Jeusamir Alves da Silva ( Tata Ananguê), “ Angola Nação Mãe – O Resgate do Candomblé Tradicional Bantu – Angola”, Ministério da Cultura – Fundação Biblioteca Nacional – pp: 06 – 226;