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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Notícia - 18 kukuana



UM PENSAMENTO, UM CÂNTICO.

A transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação por que devem passar os seres humanos.
O milho de pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro.
O milho somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer.
Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo.
Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre. Assim acontece com a gente.
As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo.
Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira.
São pessoas de uma mesmice, uma dureza assombrosas. Só elas não percebem.
Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.
Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos - Dor.
Pode ser o fogo de fora: perder um amor, um filho, um amigo ou o emprego.
Pode ser o fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão, doenças e sofrimentos cujas causas ignoramos.
Há sempre o recurso do remédio, uma maneira de apagar o fogo.
Sem fogo, o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.
Imagino que a pipoca dentro da panela, ficando cada vez mais quente, pensa que a sua hora chegou: vai morrer.
Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não consegue imaginar destino diferente.
Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz.
Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: BUM!
E ela aparece completamente diferente, como nunca havia sonhado.
Iperuá é o milho que se recusa a estourar. São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar.
Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.
A sua presunção e o medo são a dura casca que não estoura. O destino delas é triste.
Ficarão duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca e macia. Não vão dar alegria para ninguém.
Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os iperuás que não servem para nada.
Seu destino é o lixo.
E você, o que é?
Uma pipoca estourada ou um iperuá?
CANTIGA PARA KAVUNGO E KAFUNDEJI
(Cantada desta forma pelo ancestre Rufino do Beiru Do Bengê de Massanganga do Kariolé, Mariquinha Lembá, Ngola djanga, Goméia e etc).)
Iperuá, Iperuá yayá
Iperuá Kibuko okê malembê
Iperuá Mam'etu, Iperuá Tat'etu
Iperuá Kibuko okê malembê!
Onde: Iperuá seria o milho de pipoca ,
Kibuko Sorte e
Malembe (Pedido de:Segredo, Defesa, Licença, Socorro, Permissão) aos Mukixi ou Inkices Kaviungo e Kafundeji para se transformarem de iperuá (milho duro) em flores brancas e macias (pipoca)símbolo de vitória,cura, sorte e felicidade.
Iperuá é também o nome dado a primeira saída da Kukuana onde Kavungo e Kafundeji distribuem pipocas aos presentes para que esses passem por todo corpo,para que nunca sejem iperuá em vida, e depositem num balaio apropriado para receber o carrego. Completando o ato com as Matambas que carregam em cada uma das mãos um maço de ensabas apropriadas para completar a limpeza os presentes.
Moral da história:
Num País como Angola, de inúmeras Nações que por sua vez se subdividem em várias etnias ou sub grupos (tribos) cada um com seu dialeto particular, não temos o direito de julgar quem canta ou fala certo ou errado já que dos quatro quantos de Angola, vieram negros escravizados para o Brasil. O cântico que se segue, embora tenha a mesma melodia, possui uma letra diferente na qual se percebe vários significados, um deles como exemplo entrosamento onde Kavungo(Insumbo) pede licença, perdão e etc a Lembá intercedendo por um filho ou mesmo ele perdoando ou dando licença a um filho seu.
Ingê juá Lembá
Ingê juá yayá
Ingejuá Insumbo okê malembê.
Não podemos esquecer que: "Entre o céu e a terra existem inúmeros mistérios que a própria razão desconhece."
Ninguém pode se achar o dono da verdade. Que cada um obedeça a sua Tribo e a sua ancestralidade, respeitando a do próximo. O julgamanto cabe a NZAMBI.
Tata Kimbanda Kia Dihamba Anangê.

A afinidade existente entre Tateto Kaviungo e Kafundeji (Dundum, Dundê, Dundurê, Jambarauê, etc) com Mam'etu Mulengue (Sinhá, Jonjurê, Matamba, Mam'etu Kaiango e etc) dentro do Candomblé de origem Bantu Angola é percebida sensivelmente nas nas cantigas em Português, kimbundu, kikongo, fiote, umbundu etc, como também no dialeto kassanje, ocasião em que se misturam em letra porém com a mesma melodia, servindo dessa forma a ambas Entidades. Sabemos ainda , que dentro da Nação Angola "qualidade de santo", muito em moda hoje em dia, pode ser apenas a região específica do país de Angola onde por questão de dialeto(divisão de uma Língua),como é conhecida a Entidade ou até mesmo pela denominação de um fenômeno de qualquer natureza acontecido em determinada região do País e batizado com aquele nome por nossos ancestrais. Entretanto deixamos bem claro que por questão de lógica, o Inkice será sempre um só recebendo vários adjetivos em decorrência de fatos já explicados acima.
No Kit Livro e Cd "Angola, Nação Mãe"temos uma cantiga para Mamétu Mulenge ria Jonjurê que normalmente seria de Tatetu Kavungo por causa da mesma melodia, mas quando se coloca a palavra Jonjurê (região pertencente a uma província de Angola) a cantiga se aplica mais para Matamba sem contudo perder o elo poderoso com Kavungo.
Cantiga normalmente conhecida para Kavungo:
Dundurê que Sinhá lalê } Bís
Dundurê Maimbanda
Dundê Kongo Serekô (...)
Cantiga para Matamba com a mesma melodia, em função direta com Kavungo, cantada por nossos ancestrais em momentos especiais.
Jonjurê, que Sinhá Lalê
Jonjurê Maimbanda
Dundê Kongo Serekô
Percebe-se então que taxar de errado situações como esta encontradas numa Nação que possui centenas de dialetos provenientes de várias Línguas é uma forma radical de impedir a busca no aprofundamento dos Usos, Costumes e Tradições do Povo Bantu.
Tata Kimbanda Kiá Dihamba Ananguê.