“DEUSES AFRICANOS DE
ANGOLA, NO BRASIL”.
LUNA KUBANGA MUETU NKOSI E! (Salve aquele que nos defende, Nkosi e!).NENGUA SIAVANJU, KIWÁ KAANGO! (Grande senhora dos ventos da morte, salve Kaango!).KIWÁ, KAIÁ, MAM’ETU IA AMAZE. KIWÁ. (Salve Kaiá. Nossa mãezinha das águas salgadas. Salve!).
No dia 25/06/2014 em continuidade a
luta pelo resgate do Candomblé de Angola e dos Costumes e Tradições Bantu no
Brasil, a resistência contra a “intolerância religiosa”, a Casa Raiz do Benge
Ngola Djanga ria Matamba (CRBNDM), com o apoio da Confederação Nacional dos Candomblés
de Angola e dos Costumes e Tradições Bantu no Brasil (CNCACTBB) terreiros
afiliados e demais segmentos de matriz africana, realizou mais um momento cultural de cunho religioso
da tradição Bantu Angola, com o nascimento do barco de três muzenzas oriundas do Recife-PE, composto pelos novos iniciados Valmir Gomes
Silva (Mukuanguzo) de Tat’etu Nkoci, Edileuza Rodrigues Bezerra (Muhasande) de
Mam’etu Kaango , Rejane Gomes Bezerra
(Nganakilenda) de Mam’etu Kaitumba, e o reforço da Makota Kassinganga (Maria
José Bezerra) de Mam’etu Kianda.
Vivemos por quase 500 anos seguindo
parâmetros de outras religiões de matriz africana aqui chegadas posteriormente
e que inteligentemente adotaram vestes europeias em suas divindades, talvez como
uma forma de driblar o julgo católico do colonizador cujas principais
finalidades eram as de expandir o catolicismo em crise, desde a Reforma Protestante da Igreja Católica,
única instituição existente na época. Reforma essa pensada por Erasmo de Roterdã (1466 a 1536), e
executada pelo bispo da Igreja Católica, Martinho Lutero (1483 a 1543), na
baixa Idade Média considerada,
erroneamente, pelos mentores do
Modernismo que a sucedeu,
como Idade das Trevas, e, também,
colonizar e escravizar os povos que o euro centrismo considerava como
primitivos. Hoje vivendo num Estado laico e, mediante as conquistas do
Candomblé de Angola, iniciadas com a realização do Primeiro Seminário Nacional
dos Angoleiros do Brasil (I SNAB), em 2010, através do Convênio nº
719027/2009-SEPPIR/PR com a CRBNDM e seus frutos como o Kit (Livro e CD “Angola
Nação Mãe”) apresentado em 2011 a Excelentíssima Presidenta do Brasil Senhora Dilma Rousseff, solicitando apoio
através do ofício nº. 002/2011/CNCACTBB/CRBNDM, na luta pela inclusão da
História do povo Bantu, na História do Negro na África e no Brasil, no ensino
fundamental, médio e superior que gerou encaminhamento imediato de Sua
Excelência para o Ministério da Educação, o qual considerou a proposta
relevante encaminhando-a para os Fóruns de Diversidades Étnicas o que culminou
com o pioneirismo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) ao
ministrar o Curso no nível de extensão universitária “ O POVO BANTU, MITOS E
DEUSES AFRICANOS DE ANGOLA, As influências culturais e religiosas Brasil/Angola”,
já na 3ª turma, sob a orientação do Professor Ângelo Alfredo (katende@oi.com.br), pudemos
graças a estes avanços, dar continuidade
a tudo aquilo que os nossos ancestrais trouxeram e que foram impedidos de aqui
praticar, já que fugiam aos padrões do catolicismo. Ou, até mesmo, irmos buscar o que lá ficou em
termos de cultura e religiosidade. Tudo isso levando em conta todo e qualquer
movimento anterior, posterior e futuro, ao I SNAB, independente de nação Bantu: Angola/Kongo,Kabinda, bem
como o Nagô/Yoruba: Ketu e suas ramificações, ou Ewê/Fon: Djeje, como nossa
resistência contra o preconceito e a discriminação com as religiões de matriz
africana e a nossa querida Umbanda.
Segundo Ana Cristina da Cunha Lins, as
máscaras nesse diálogo imemorial entre o homem e seus deuses ancestrais
encontram diferentes formas de crer, de
revelar ou, de representar o mundo próximo e a memória remota. Enquanto a
máscara estiver em uso, enquanto o personagem prevalecer, impõe-se as intenções
que são próprias da ação do Deus, do antepasado, que a máscara significa. No
plano psicológico, a origem do objeto deve ser buscada na aspiração do ser
humano de evadir-se de si mesmo, para poder se enriquecer com a experiencia de existencias
diferentes (já que no plano natural este desejo seria irrealizável) para poder
aumentar seu próprio poder, identificando-se com as forças universais. E não
podemos deixar de mencionar seu papel principal que é o de esconder o rosto dos
AKISI ( plural de Mukisi),
nossas divindades, já que suas
aparências são de espírito e não humanas.
Além dos Lunda e Cokwe , encontramos
também essa tradição da circuncisão e do uso das máscaras entre os Iacas,
Luenas, Chinjes, Minungos, Gangelas, Kakongo, Baluba, Baiaka, Kicongo,
Muxikongo, Bakongo, Mbali, Makonde e Bawoyo e etc, que
também são grupos étnicos angolanos. Mais um motivo para nunca nos
considerarmos os donos da verdade, o que seria muita pretensão em meio a tantas
tribos existentes em Angola.
A guisa de informação, podemos dizer ainda, que em Angola temos três
principais gêneros de máscaras:
Máscara de Madeira ( grupo de material rígido);
Máscara de Entre casca de Árvore e
Resina ( grupo de material semi-rígido)
e;
Máscara de Fibras e Encordoados ( grupo de material não rígido).
sendo confeccionadas hoje quase que
industrialmente para atender demandas externas. Geralmente, as máscaras
femininas possuem formato arredondado enquanto as masculinas possuem formato
ovalado, (Carise, 1998).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BACELAR, JEFERSON & CAROSO,
CARLOS. Faces da Tradição
Afro-Brasileira. Rio de Janeiro: Pallas, 1999.
CARISE, I. Máscaras Africanas.
São Paulo: Madras, 1998.
CASCUDO,C. Dicionário do Folclore
Brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro,1987.
LOPES,N. Bantos, Malês e Identidade Negra. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 1988.
OLIVEIRA, MARIA ANA DE. Angola e
a Expressão de Sua Cultura Material. Rio de Janeiro: Odebrecht, 1991.
ORNATO, J. SILVA. Iniciação de
Muzenza nos Cultos Bantos. Rio de Janeiro: Pallas, 1998.
REDINHA,J. Álbum Etnográfico.
Angola: C.I.T.A, 1987.
___________. Máscaras Africanas.
Angola: C.I.T.A,1973.
___________. Sociologia do Nordeste de
Angola. Lisboa: Estampa, 1945.
SANTOS, Decóstenes (
mestre Didi). Disponível em http://www.geocites.com.
SANTOS, EDUARDO DOS. Sobre a
Religião dos Quiocos. Lisboa: Junta de Investigação de Ultramar,1962.
LUTERO, Martinho. Da Liberdade do Cristão (1520). Trad.
Erlon José Paschoal. São Paulo: Fundação
Editora da UNESP, 1998.
LUTERO, Martinho. Do cativeiro babilônico da Igreja. São
Paulo: SP. Editora: Martin Claret, 2006.
Referências Bibliográficas
CHAUNU. Pierre. O tempo das Reformas (1250-1550). Trad.
Cristina Diamantino. Lisboa. Edições 70.
2002.
DELUMEAU, Jean. Nascimento e afirmação da Reforma. Trad.
João Pedro Mendes. S. Paulo.
Pioneira. 19